sábado, 10 de maio de 2014

Volume 01 - Olha pra mim, Vanguart.

Um, três, quantos passos quiséssemos. Bem naquele cômodo, com todo aquele preto e branco. Então todo envolta... as nuvens que olhamos pela tarde, o azul que comparamos, o carro preto que andamos, o anel que usamos, meu sutiã... nada é tão grande. Nada é tão grande que não caiba dentro da gente. Nada é tão grande que o nosso amor não alcance. Cada pedaço de clichê existente, é nosso. Nos meus pés pequenos e tão brancos quanto a parte branca da cena, começo a sentir a inspiração voltar. Você, que veste a vida, que veste o Sol, que exala luz... a minha fotossíntese. Por aquele momento, esqueci de Secos e Molhados, esqueci de Kafka, esqueci de Niet. Oh, meu amor, lembrei de sorvete azul, lembrei de mar azul, lembrei de céu azul. E chorei porque visto o choro. Pluma, suave, doce, estável. E bruto, e forte. No meu ouvido, junto com a tua respiração, ouço gírias com palavras difíceis... e amo. Oh, meu amor, eu amo. Nem o número de cada pinta do meu corpo somado com o número de cachos que você tem são capazes de definir as vezes que minhas bochechas doeram de tanto rir do teu lado. Duas ou quatro nuvens brancas relativamente longe daquelas que já derramavam pingos gelados, e estávamos localizados exatamente no meio delas: você ria de nervoso e passava a mão por aquela névoa, eu ria também, mas só tentava entender. Eaí, bem, depois de apertar forte teu braço, depois de puxar meu cabelo, depois de ajeitar minha blusa, depois e depois e depois de tanto e muito, percebo, não estou lá, estou aqui. Aqui porque deveria, aqui porque quero, aqui porque sim. E porque sim me soa, finalmente, uma resposta boa. Tudo o que aprendi sobre, na infância, é esquecido, e percebo que essa, mais do que qualquer outra resposta, é válida. Então depois da pele arrepiada, do sussurro, do puxão, e de tantas outras palavras terminadas em ão. Me vejo sendo levada, ainda com lágrimas secando no rosto, sentindo a tua camisa molhada de baba, de lágrima, e do meu nariz escorrendo, pra lá e pra cá, sem ritmo, sem jinga, sem nada, porque não existe, porque aqui o ritmo não é ditado, porque aqui a jinga é outra, porque aqui é nosso. Porque enquanto estamos em contato, o país, o mundo, e todo o universo (todo o universo, Oh, meu amor, a única coisa única que existe - que tu me ensinaste), é nosso. Então a harmonia sai daqui de dentro, e se mistura com a tua, e forma uma, meio tonta, meio boba. E assim, não estamos no céu, nem estamos nas nuvens (sabe, só o sentimento, que meio que até é o que conta), porque não precisamos, porque estamos aqui e temos o nosso ritmo, que é torto demais até pra uma música do Vanguart, mas é bonito demais, assim, bem como uma música do Vanguart. Oh, meu amor.

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