sábado, 29 de novembro de 2014

A erva que vem da Europa e o portão fechado.


Toda vez que eu caio, tropeço, me machuco, sou excluída, fico sem graça, me fodo, só penso em como mereço isso. Em como todas essas coisas são tão minhas como quase nada é. Como eu sou arrancar a gilete do apontador, as facas de churrasco, tesouras, se aproveitar de cacos de vidro e principalmente as marcas na coxa. Então o prato cai e se quebra e eu choro de achar algo que eu identifique tanto. E enquanto uns fazem piada com isso, eu lembro de fechar os olhos e pedir pra estar morta. Na verdade não sou filme, nem livro, nem música, nem amor, nem sonhos, nem sabedoria, nem pensamentos. Eu sou um prato quebrado. Um prato quebrado que não vai fazer falta porque você pode comprar outro. Alguém que faz isso em plena tarde de sábado. E que eles tem razão, tem toda a razão. Então quando, pra minha paz, seja qual for o deus que exista, me livrar de vagar com meu corpo por aí destruindo tudo o que toca, tudo o que eu fiz, pensei e senti vai estar acabado pra sempre. E a Terra estará em festa, e eu, finalmente, feliz.


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